Aninha fez quinze anos no outono, com alvor da primavera. Festejados em Brasília, onde nasceu. Em um cenário campo cidade. Verdejante. Sob árvores e grama. Cerrado e espécies da Mata Atlântica, ladeando o azul piscina das águas, encobrindo o sol, empanado, vez e outra, por gotas de chuva de verão, ainda que no outono e véspera de inverno. Som mecânico e o canto do joão de barro cruzaram-se, quando a chuva passava e o sol vinha.
Aninha andava radiante entre todos. Pulou na piscina. Cortou o bolo, como uma princesa. Foi a menina se mostrando moça, forjada na simplicidade do dia a dia com os colegas de escola e a parentada de ambos os lados: mineiros e maranhenses. Fotos e filmes eternizavam o evento, além da nossa memória.
Seus pais, Zeca e Magda, vieram de outras terras. Um saiu do Maranhão de João do Vale (Carcará Não Vai Morrer de Fome. Carcará Pega Mata e Come. Carcará Mais Coragem do Que Homem). A outra das Minas Gerais. Das muitas Minas de Guimarães Rosa. Encontraram-se no Planalto Central, na capital da república. Vislumbrada e materializada por JK, mineiro do Vale do Jequitinhonha, de muitas lágrimas, mas das mais puras e candentes poesias dessas Minas e Gerais.
Zeca, o pai, como Luis Inácio de Pernambuco, migrou-se do Maranhão para Brasília, com os pais e irmãos. Venceu. Magda, a mãe, pegou o caminho desbravado por Dozinho e trilhado por Marina e Nilce. Conquistou o seu espaço. Dona Therezinha e seu Antônio, os avós maternos, permaneceram nos Montes Claros do Quilombo, templo de vida e de resistência a uma diáspora. Pontificado na imagem e no labor de sua avó, com mais de oito décadas de vida ativa, despertando com o alvorecer, acendendo fogo no fogão de lenha, cuja fumaça se espalha como sinal da hora de pegar na labuta do dia a dia.
Quinze anos de Aninha e mais de meio século de Quilombo, este pedaço indivisível da Fazenda Santa Maria de seus bisavós, Camilo Brandão e Auta Leite. Ele, vindo das Alagoas de Teotônio Vilela. Ela, geraiseira da gema, de um humanismo sem igual. Uma herança indisponível de toda a família, que haverá de permanecer de geração em geração.
Louvando Aninha, louvo Pedro Henrique, Lívia, Daniel, Rose, Juliana, Marcelo, Paulim, Diogo, Samuel, Lucas e Mateus, sobrinhos amados e idolatrados, com raiz e cheiro de Cerrado. Salve! Salve! Com a bênção das avós da Terra e do Céu, atalaias do convívio solidário dessa Tribo.
*João Avelino Neto é advogado e sertanejo de 65 anos de Quilombo
P.S: Se queres saber o que é o Quilombo, perguntes a Beto Viriato e Tião Boi.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
ANINHA: UMA FLOR DO CERRADO
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