Hoje, na abertura da exposição de fotos antigas de Montes Claros, soube que agora é pra valer: vão destruir a MCTC, a nossa Praça de Esportes de tantas lembranças e de indiscutível valor histórico. Não justificam o crime. Apenas , vão fazer de lá uma outra coisa, acho que uma rodoviária. Não nos perguntam nada. E informam com orgulho, como se estivessem fazendo algo fantástico. E, realmente acreditam que seja algo fantástico. "É o progresso", dizem.
Não sabem que esse conceito de progresso já está ultrapassado, pois é este progresso sem respeito a memória , sem respeito aos antepassados , sem respeito a vida (todas as velhas árvores amigas da praça seriam derrubadas) que está nos levando a total destruição. Inclusive do planeta. Progredir dessa forma, na verdade, é regredir. Há muito estão matando nossa cidade, que está ficando sem alma, violenta, desagradavel de se viver. Há pouco tempo, demoliram o nosso Ginásio Diocesano, juntamente com o salão paroquial e uma capela, para erguerem um supermercado no lugar. É a cultura e os templos cedendo lugar ao mercantilismo. Para mim , isto é ainda mais grave do que os mercadores do templo, porque aqueles do evangelho, pelo menos nada destruiam. Esses de hoje, jogam os templos no chão. E se aqueles provocaram a ira santa no Cristo, imagine o que Ele sentiria ao ver os de hoje em ação. E templo, não é apenas igreja. Posso afirmar sem medo de errar que a Praça de Esportes também é uma espécie de templo. Um lugar onde a juventude praticava esporte, dançava, namorava, descansava à sombra dos jambreiros que pareciam de contos de fadas, nadavam felizes na piscinona, cultuando a saude. Pois querem derrubar mais um templo para erguerem uma rodoviária, com certeza cheia de lojinhas, como se estivessem em falta por aqui. A notícia desabou sobre mim como uma bomba. E ao chegar em casa, eis que recebo um arquivo de fotos antigas, inclusive da minha primeira casa, e o portão da atual, e mais o trem. O trem de luxo. Com a música que mais tocou no recente festival folclorico, embora fosse outra gravação, confesso que melhor que a usada aqui . (/Amo o Raizes, mas realmente a outra versão está mais bonita). Não importa, está bonita também e bate lá dentro trazendo uma enorme saudade do tempo em que vinhamos de trem para cá.
Hoje não temos mais o trem e corremos o risco de, em breve, não existir mais Montes Claros. Se acabam com suas características principais, com os nossos cartões postais, a cidade morre, dando lugar a uma outra comunidade com o mesmo nome, sem alma, sem cultura, sem valor, sem história. E violenta.
Recentemente, tive a oportunidade de ver duas listas de cidades mineiras, no mesmo jornal. Uma mostrava as vinte cidades mineiras mais violentas. A outra, trazia as vinte cidades mineiras que mais preservam o seu patrimônio. Montes Claros ocupa o terceiro lugar na lista das violentas. E não está incluída na lista das que preservam. Acho que isto é um bom indicador. O que fazer? Eu confesso que não sei.
No momento , estou apenas escrevendo aos meus melhores amigos na internet, num desabafo. No ano passado, o Luiz Urtiga e eu, pensamos em fazer um abaixo assinado virtual pedindo pela tombamento da praça. Um texto foi escrito e tomei algumas iniciativas para isto. Mas me disseram que era melhor esperar, nem sei mais as razões que me foram dadas. Mas uma delas, era que o candidato que tinha a destruição da praça como parte do plano da campanha, não ganharia as eleições. De fato, não ganhou. Infelizmente, o vencedor também tinha o mesmo plano, e não sabíamos. Então, podemos retomar a idéia. Mas, é pouco. Por favor, quem concordar comigo sobre a necessidade de salvar a praça, pense em mais coisas que podem ser feitas . Uma coisa é importante: achar que já é causa perdida, não vai adiantar . Milagres acontecem. E, se não acontecer, não será por omissão nossa.
Meu Deus , acabar com a praça ... Que idéia maluca. O que precisam fazer é reformá-la, reabrir seus portões, promover mais eventos bonitos ali dentro. A praça é como um parque no centro da cidade . É uma área verde , um pulmão da cidade . Que loucura, quanta insanidade. Talvez seja a hora de formarmos de fato, um grupo de verdadeiros montes-claresenses, náo para brigar, mas para demonstrar que sua perrmanencia é essencial, que a praça é parte da cidade e sem ela, Montes Claros só vai piorar .
Quem sabe esse projeto veio por falta de consciencia sobre sua importancia? Quem sabe podemos abrir os olhos da atual administração? Peço, por favor, que me ajudem a pensar em alguma coisa . Ainda estou zonza com a notícia . Escrevi no ano passado sobre o livro Vale dos Pirilampos , onde falo tudo isto que estou sentindo agora , e até mesmo , cito a música do Raizes . Porque já faz um bom tempo que tenho vontade de pegar o trem para Montes Claros.
A antiga Montes Claros. Porém, há mais a fazer do que apenas sonhar em pegar este trem. Confesso estar cansada de apenas ler crônicas cheias de lamentos pela cidade sendo demolida. Além de escrever, é preciso agir. Vamos nessa? Ainda há o que salvar. Ainda resta alguma coisa. A Praça ainda está lá, no mesmo lugar. Ainda é tempo.
* Virginia Abreu de Paula é historiadora, ambientalista e fundadora da Sociedade Norte Mineira Protetora dos Animais - SNMPA
* Virginia Abreu de Paula é historiadora, ambientalista e fundadora da Sociedade Norte Mineira Protetora dos Animais - SNMPA
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