segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CIDADE IDEAL

*Marcelo Valmor
Ontem, dia 31 de janeiro de 2010, fui sepultado em cova profunda, vítima de um exagero na feijoada e na rabada. Mas pelo menos morri satisfeito, comendo aquilo que sempre me consumiu a vida inteira: a gordura!
Mas durante a viagem ao céu, fiquei pensando que, enfim, haveria de conhecer a Montes Claros ideal, acreditando, evidentemente, na teoria de Santo Agostinho sobre a Jerusalém Celeste (perfeita) e a Jerusalém Terrestre (imperfeita).
Eis que ao desembarcar no além, (de ônibus evidentemente), pude constatar que nada havia mudado, e o meu desapontamento com Santo Agostinho começou ali. Uma rodoviária do além que não deixava nada a dever a rodoviária terrestre. Sujeira, poluição visual e goteiras. Mas não cedi ao pessimismo e continuei a percorrer a Montes Claros Celeste.
Descendo a avenida Cula Mangabeira, constatei que aquela via, mesmo que no céu, ainda estava habitada por buracos e saliências que não permitiam ao expresso São Pedro fazer seu itinerário de forma tranqüila.
O interessante desse percurso feito no ônibus do Senhor é que não havia motorista, e cobrador, é claro. Mas o mais assustador é que a única alma dentro dele era exatamente a minha. Achei tudo estranho, mas como estava no céu...
O expresso continuou até o mercado municipal, onde, e também para meu espanto, a sujeira continuava a imperar. Mas as frutas e verduras ainda bem que se encontravam por lá, mesmo que dispostas no chão grosso e sujo.
O motorista, - eu disse motorista? -, enfim, quem conduzia o expresso passou ainda em revista pelo resto da cidade e pude constatar que a Montes Claros Celeste era idêntica à Montes Claros terrestre, e comecei a me inquietar diante daquilo tudo que li de Santo Agostinho. Não era possível que houvera sido enganado durante toda a minha existência terrena sobre os escritos dele. Não era possível!
Súbito, e depois de concluir uma volta em torno do centro da cidade, eis que nosso ônibus parou diante da prefeitura. A porta se abriu e, imediatamente fui transportado para as escadarias daquele local. Evidentemente que as forças divinas estavam tentando me dizer que as respostas para aquela imperfeição estariam dentro do paço municipal. E, sem medo, adentrei ao local. Fui recebido por três garotas. Uma chamava-se Divina, a segunda Cristina e a terceira Deise. Comunicaram que alguém estava a me esperar, já que o mesmo pressentia a minha angústia diante de tamanha identificação da céu com a terra.
Sentado em uma poltrona no terceiro andar encontrei o administrador daquele local. Meio confuso perguntei a ele o porque de estar ali na sua presença. E ele, mais do que depressa tratou de responder: -estou aqui para explicar o porque de tamanha confusão. A questão é que diante de tantos problemas herdados, não foi possível corrigir ainda as nossas imperfeições.
Argumentou que encontraram a cidade perfeita em frangalhos também. Que tinham muito trabalho e que eu esperasse um pouco para ver melhores resultados. Ponderei quando poderia observar esses frutos, e ele imediatamente respondeu: - Em outubro de 2012.
Intrigado com aquela figura que nunca havia visto tratei logo de perguntar: - Mas afinal quem é você? – Ora, eu sou Deus!

*Professor

Um comentário:

  1. Professor,
    Em quase tudo da sua observação está correta, a sujeira, o desleixo, a desordem, a confusão, mas quanto a rodoviária, na última administração, foi feito um serviço aqui na laje de cobertura que acabou com as goteiras. Mas nas outras, a situação piorou muito. Também pudera. O próprio home fez a revelação que não é São Judas, quanto mais D'us, apesar de ter pombos ao seu lado, que não são da páz. O pior que deve piorar mais ainda. Afinal, a cidade está entregue aos terceiros. E incompetentes.

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