quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SER OU NÃO SER OU SERÁ QUE EU NÃO SOU MAIS EU?


















      “O poeta é um fingidor. 
      Finge tão completamente
      Que chega fingir que é dor
      A dor que deveras sente.”
                     Fernando Pessoa

No último fim de semana, dias 21 e 22, ocorreram eleições na OAB e no Partido dos Trabalhadores.
A primeira, da OAB, no sábado. A outra, do PT, no domingo.
Votei normalmente no sábado e, no domingo, deixei para fazê-lo à tarde, depois de voltar do Quilombo.
Cheguei à Câmara Municipal, faltavam uns vinte minutos para encerrar a votação. A casa do povo estava cheia de votantes. A maioria, formada de “cristãos novos”. Passei pela mesa de credenciamento, certificando a minha condição de aptidão com os cofres do partido, daí rumando, sem perda de tempo, para a mesa receptora, vez que a hora de lacrar a urna se aproximava.
Mas, todavia, contudo, eis que um fato surrealista se antepõe ao meu direito livre e soberano de votar. Para que isso se materializasse, tornar-se-ia indispensável que eu me identificasse documentalmente.
De nada adiantou ponderar e recitar para o companheiro Raimundão, sob a espreita de João Figueiredo, outro não menos companheiro, os números da minha OAB/MG (39.417) e do meu CPF (187.340.226-00), além de declinar meus mais de meio século de vida e vivência, sem arredar os pés daqui. Disseram que estava no regulamento, sobre a mesa, norma cuja obediência eram adstritos, mesmo não concordando com ela. Robotizaram os companheiros!
Desrespeitado na minha militância política, envergonhado e indignado, abandonei o recinto.
Cheguei em casa e a decepção foi ainda maior, ao deparar-me com um panfleto, dando conta da retirada da candidatura de Aroldo Pereira à presidência do PT, fato ocorrido um dia antes, sem explicações convincentes, beneficiando, indubitavelmente, o candidato da situação. Cri no fingimento do poeta e frustrei.
Aonde vamos parar companheiros, outrora aguerridos? Se é que há paradeiro ou porto seguro para uma direção reeleita, que deixou o partido acéfalo, o ano inteiro, e se subjugou aos mandatos de Virgílio, Paulo Guedes e Alfredo, é uma parceria ambígua com o Prefeito Municipal.
Não posso mais me valer do dito curraleiro de que “eu sou eu e jacaré é um bicho”.
Só sei que nada sou, já o disse Fernando Pessoa.
E isso ficou demonstrado no domingo, ainda com o sol com duas braças de fora.

João Avelino Neto

3 comentários:

  1. Caro companheiro. Não saberia eu prestar manifesto melhor ao seu. Também não sei identificar onde o PT errou, ao querer poder, e não esforços para estar no poder, e ser corrompido pelo poder. Caro João, o que fazer...

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  2. SINCERAMENTE CAMARADA JOÃO AVELINO, NÃO SEI O QUE VOCÊ AINDA TÁ FAZENDO NO MEIO DESSA CAMBADA!!
    TATÁ

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  3. Também com Mala carregano o partido, e Val como seu acessor, e o zé só pra assinar, não podia dar outra coisa. E, nô dá pra isquecer o Madureza, agora na função de guarda costa do pombo mor. Cade Hetica. Tô indo pro Sol.

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