segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Voto consciente é a melhor arma contra político “ficha suja”, diz arcebispo


O arcebispo de Montes Claros, dom José Alberto Moura, tem sido um incansável orador contra a corrupção e pela ética na política. Ele disse que o mês de dezembro, mais precisamente o dia 9, é consagrado pela Igreja como de combate à corrupção.


O religioso, defensor do movimento para a inelegibilidade de quem tem delitos graves, já condenado em primeira instância, bem como de quem renuncia o mandato para não ser cassado e poder ser eleito em pleito posterior, é um entusiasta da proposta da “ficha limpa”, que já conta com mais de 1,3 milhão de assinaturas.

“É uma iniciativa de lei a ser votada por quem compreende que o cidadão tem direito de escolher quem acha que merece ser elegível. Tomara que o Congresso Nacional vote logo o projeto de lei que vai nessa direção”, disse.

Segundo ele, o 9 de dezembro é para lembrar a necessidade de formarmos a consciência e a prática da cidadania que nos leve a termos caráter e altivez ética e moral. “O bom berço treina a pessoa para o respeito ao semelhante e a ser promotora da vida e da dignidade humana. A fé ilumina a grandeza da personalidade, a ponto de levar a pessoa à valorização da própria grandeza de caráter como preciosidade maior do que qualquer bem material”, ensina.

Para dom José, a corrupção é própria do caráter mal formado, que leva a pessoa a se locupletar com o que é dos outros e tirar a oportunidade de dar de si pelo bem do semelhante. Segundo o arcebispo, a ética em todas as situações é de fundamental importância para a promoção da justiça e do bem comum. “Quem lesa o semelhante lesa muito mais a própria dignidade”, recrimina.

De acordo com dom José Alberto Moura, as atitudes corruptas têm relação direta com a injustiça, as desigualdades sociais, a pobreza, a fome e o vazio de paz, traindo o anseio de justiça social e de democracia. Ele voltou a pregar o voto responsável dos eleitores e a punição dos infratores como forma de superação da corrupção na política. “A indignação ética deve mover os cidadãos a se manifestar, exigindo lisura na coisa pública e punição justa para os culpados”, defendeu.

Dom José já havia se manifestado duramente contra a corrupção durante o desfile de 7 de Setembro, quando participou do “Grito dos Excluídos”. Na ocasião, ele cobrou do eleitor o “voto inteligente para varrer os corruptos”.

Segundo dom José, a grande maioria dos políticos é corrupta e não se preocupa com a coisa pública, pensando apenas em benefício próprio. O religioso, entretanto, fez uma ressalva, afirmando que ainda é possível confiar em alguns deles. “Graças a Deus, há algumas exceções, e é por isso que temos que ter inteligência na hora de votar”, sugeriu. O arcebispo costuma exortar a população a participar das manifestações que buscam melhorar as condições de vida do povo.

Combate à corrupção – Em Montes Claros, os integrantes do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, apoiado pela Igreja Católica, sofrem a ira do atual prefeito, que costuma designar pessoas para monitorar o recolhimento de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular que proíbe a candidatura de políticos condenados em primeira instância na Justiça, caso do atual prefeito de Montes Claros. Durante a campanha eleitoral de 2008, Leite recorreu à Justiça Eleitoral para impedir o recolhimento das assinaturas.

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